Diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional fala sobre a doença,sua prevenção, grupos de risco e diagnóstico
Bem-estar: Como prevenir o diabetes?
Ellen Simone Paiva: A melhor forma de prevenção do diabetes é através de um estilo de vida saudável. As duas atitudes mais contundentes nesse sentido são atividade física e peso corporal. As pesquisas indicam que temos a chance de reduzir em até 58% a incidência de diabetes em pessoas susceptíveis com essas medidas. Os Programas de Prevenção do Diabetes geralmente preconizam atividade física de no mínimo 150 minutos por semana e perdas de peso de pelo menos 7% do peso corporal. São atitudes que podem mudar a vida das pessoas e torná-las mais saudáveis, independentemente de evitar diabetes.
Bem-estar: De que forma o paciente diagnosticado com diabetes pode garantir uma vida com qualidade e sem privações?
Ellen: Todos nós temos de nos privar de alguma coisa. Desde crianças há coisas que podemos e não podemos fazer, coisas que podemos e não podemos comer. Não há como escapar disso. Mesmo assim, não é fácil lidar com as restrições. Talvez a maturidade possa nos ajudar um pouco a tolerar melhor isso. Quando não conseguimos, a vida se torna mesmo muito difícil. Para um diabético, o conhecimento abrangente de suas possibilidades nutricionais talvez seja uma das ferramentas mais importantes para uma vida prazerosa. Através desse conhecimento, o diabético saberá fazer trocas inteligentes e terá possibilidades de se engajar em uma dieta versátil e adequada ao seu perfil. Hoje, as possibilidades são enormes e a dieta do diabético se tornou muito mais fácil. Não há mais motivos para as antigas restrições.
Bem-estar: Quem está dentro do grupo de risco?
Ellen: Quando descrevemos as pessoas de risco, estamos sempre falando do Diabetes tipo 2 ou não insulino dependente, ou seja 90% das pessoas com diabetes. São de risco todos os descendentes diretos de diabéticos, uma vez que é bem conhecida a natureza hereditária da doença. Além disso, a obesidade por si só pode levar ao diabetes, mesmo sem a predisposição genética. Ainda há outros fatores como o sedentarismo e a ingestão de uma alimentação com excesso de carboidratos.
Bem-estar: Quais sintomas podem representar um sinal de alerta para que as pessoas busquem um médico para averiguarem se portam a doença?
Ellen: O quadro clínico consagrado de perda de peso, sede intensa, perda excessiva de urina e desidratação caracteriza um diabetes de longa data. Pelo menos a maior parte deles, aqueles que chamamos tipo 2 ou não dependentes de insulina, evoluem longos anos com glicemias de jejum falsamente normais, às custas de uma produção excessiva de insulina. Isso mesmo, são diabéticos com valores de insulina muito maiores do que aqueles das pessoas normais. Aqui, já podemos identificar o primeiro sinal de fumaça: a insulina elevada. Assim uma glicemia de jejum normal associada a uma insulina alta já indica a necessidade de se proceder uma investigação mais criteriosa da possibilidade de diabetes.
Filho de peixe, peixinho é... Assim um filho de um diabético, pode até se livrar da doença, mas será sempre um paciente de risco. Deverá receber atenção redobrada para a possibilidade de desenvolver a doença. Neles, uma glicemia de jejum de 80mg/dL não deve ser tranquilizadora, principalmente quando encontramos outros sinais de fogo.
Finalmente, um sinal que salta aos olhos: a obesidade. Uma obesidade com características próprias, caprichosamente depositada no tronco, deformando cinturas e expondo um risco do comprometimento visceral. Isso significa que, muitas vezes, um peso normal, principalmente com braços e pernas normais, pode esconder uma circunferência abdominal típica de obesidade central, onde a gordura se deposita no fígado e demais vísceras. Esse tipo tão especial de gordura corporal está intimamente ligado ao excesso de triglicérides e de insulina, fechando um ciclo patológico ou uma armadilha da qual dificilmente se escapa: o diabetes.
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