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Centelhas de Luz - Destaque pra vocês!

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Se a culpa é da chuva, a chuva vai culpar quem?

O ser humano é mutável, mas prefere ser acomodado, portanto, a maioria das pessoas quase nunca muda. O ser humano possuí grande capacidade de adaptação, mas prefere o condicionamento, porque é mais comodo.

Diante deste comportamento humano, a superpopulação humana tornou-se um dos inimigos número 1 da Natureza que se renova, se restaura e é sempre constante. Na Natureza, nada se perde e tudo se transforma, por isso ela não faz velórios!

Jamais o ser humano deveria ter mudado o curso da natureza sob nenhum aspecto. Deveria sim ter se adaptado à ela!O resultado é enorme devastação!

Onde moro por exemplo, haviam dois córregos que formavam um cruzamento de águas e há anos atrás muitos vinham pescar em suas águas repletas de peixes. Todo bairro era área de várias fazendas e sítios, com terra bem fértil até hoje. Á volta deles, lentamente, o chão de cimento foi se estendendo e as construções se erguendo. Esta condição geográfica fez com que o ambiente da região se tornasse cada vez mais abafado, trazendo mais chuvas. Quanto mais abaixo do bairro se mora, mais abafado é, pois a região tem o formato de uma imensa bacia. Quem mora acima recebe mais vento, mas não está livre do calor. Embora muitas árvores e vegetação nativas sobrevivam desde antes da fundação do bairro, não são suficientes para manter o equilíbrio que havia antes da ocupação humana.

Com o tempo, os córregos foram forçadamente estreitados para dar espaço a novas ruas. O excesso de lixo e esgoto cada vez com maior fluxo conforme as habitações aumentavam contribuiu muito. Embora hoje seja apenas um fio de dejetos humanos à céu aberto, quando vem as chuvas os córregos aumentam o fluxo e inundam invadindo casas e ruas. Os córregos tomam a proporção original de seu nascimento.

Em determinado trecho de um dos córregos, bem próximo a parte que se cruza com outro, a avenida principal se tornava um rio impossível de transitar e quem morava nas áreas mais baixas, sofria com isso principalmente as longas favelas que se formavam nos leitos do córrego. A quantidade de água chegava quase a cobrir os telhados onde os moradores se refugiavam.

A solução proposta foi então a canalização do trecho do córrego onde causava transtorno para o comércio e para isso, a nascente onde ainda haviam peixes, foi sepultada junto.

A cada ano as nuvens parecem mais baixas, talvez porque estejam mais carregadas. E a cada ano o vento vem mais forte, e as chuvas mais intensas. O trecho onde o córrego foi sepultado, ressuscita a cada estação de chuvas.

Sempre que isso ocorre, penso comigo que Deus deve ter dado uma ordem ao córrego para que ele corresse justamente ali e assim deveria ser. E mesmo com o homem tentando intervir, o córrego continua obedecendo.

A Natureza é considerada um extrorvo para o desenvolvimento humano e é retirada de seu caminho como uma pedra de tropeço. Árvores são cortadas para que casas sejam erguidas ou ampliadas. Rios e córregos são estreitados para que ruas possam ter mais fluxos de carros. Como uma bactéria, a população humana vai se expandindo deteriorando tudo o que encontra em seu caminho, e a Natureza se renova e se restaura.

O povo culpa o governo que culpa a chuva. Mas não admite sua parcela de culpa quando ergue sua habitação numa área imprópria para fincar raízes, muito menos no quanto de lixo é capaz de produzir e disseminar. Pergunte a um biólogo marinho até onde nosso lixo pode chegar: na Antárdida e no estômago de Tartarugas marinhas e Golfinhos!

A chuva apenas obedece... Chegou o tempo dela ela despenca e sem ela estaríamos muito pior. A única que não tem culpa de nada é a chuva! Culpados são os políticos que se gabam de governar cidades desorganizadas, mal estruturadas, desalinhadas, nada projetadas e que formam uma verdadeira poluição visual! Culpados somos nós que votamos nesses sujeitos e deixamos a culpa apenas para eles.
Nossa culpa está em depender que os outros façam o que qualquer um pode fazer. Nossa culpa, vai para a lixeira junto com o mínimo que poderíamos fazer.

Todo ano a chuva vem caindo no mesmo período e encontra tudo igual... E a Natureza se restaura e se renova! Se ela não fizer isso, não haverá 'nós', nem raça humana e nem planeta, mas o planeta se restaura!

E chega um momento crucial em que a Terra está saturada e terá mesmo que se restaurar, e as posições se invertem: nós estamos no caminho do planeta! Veremos mais mortes porque esperamos que o governo faça, esperamos a chuva passar, a poeira abaixar, a terra secar e voltamos a fazer tudo o que fazíamos antes e de novo, pois embora pudessemos nos adaptar preferimos nos condicionar.

Me perdoem estas palavras... Nenhuma verdade tem que ser dita, o tempo é de assumirmos nosso papel neste planeta. É tempo de parar de apontar os outros e arrumar um culpado esquecendo-nos de olhar para nossos próprios atos.

Moro na parte de cima da Grande Bacia! É comodo olhar para baixo e ver tanta gente desesperada enquanto estou no conforto da minha casa. Eu também sou culpada!

Shimada Coelho



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Se a culpa é da chuva, a chuva vai culpar quem? de Shimada Coelho é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.

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