Entre 135 criminosos, incluindo ladrões e estupradores, 118 admitiram que quando eram crianças queimaram, enforcaram ou esfaquearam animais domésticos." - Ogonyok (1979 - Soviet anti-cruelty magazine) "Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor." - Pythagoras
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Centelhas de Luz - Destaque pra vocês!
quarta-feira, 27 de maio de 2009
AGUA E ENVELHECIMENTO
Sempre que dou aula de Clínica Médica a estudantes do quarto ano de Medicina, lanço a pergunta:
- "Quais as causas que mais fazem o vovô ou a vovó terem confusão mental?"
Alguns arriscam: "Tumor na cabeça". Eu digo: "Não".
Outros apostam: "Mal de Alzheimer". Respondo, novamente: "Não".
A cada negativa a turma espanta-se. E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:
1. diabetes descontrolado;
2. infecção urinária;
3. esquecimento pela família; exemplifico: a famíliapassou um dia inteiro no shopping, enquanto os idososficaram em casa.
Parece brincadeira, mas não é. Constantemente vovô e vovó, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos. Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo.
Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos ("batedeira" ), angina (dor no peito), coma e até morte.
Insisto: não é brincadeira.
Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água.
Na adolescência, isso cai para 70%.
Na fase adulta, para 60%.
Na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos poucomais de 50% de água.
Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, de saída, os idosos têm menor reserva hídrica.
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.
Explico: nós temos sensores de água em várias partes do organismo. São eles que verificam a adequação do nível.Quando ele cai, aciona-se automaticamente um "alarme".Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas artérias e veias.
Por isso, o corpo "pede" água. A informação é passada ao cérebro, a gente sente sede e sai em busca de líquidos.
A detecção de falta de água corporal e a percepção da sede ficam prejudicadas. Alguns, ainda, devido a certas doenças, como a dolorosa artrose, evitam movimentar-se até para ir tomar água.
Conclusão: idosos desidratam-se facilmente não apenas porque possuem reserva hídrica menor, mas também porque percebem menos a falta de água em seu corpo.
Além disso, para a desidratação ser grave, eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol.Basta o dia estar quente - e o verão já vem aí - ou a umidade do ar baixar muito - como tem sido comum nos últimos meses. Nessas situações, perde-se mais água pela respiração e pelo suor.
Se não houver reposição adequada,é desidratação na certa.Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo.
Por isso, aqui vão dois alertas.
O primeiro é para vovós e vovôs:
tornem voluntário o hábito de beber líquidos.
Bebam toda vez que houver uma oportunidade.
Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite. Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam.
O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro. Lembrem-se disso!
Meu segundo alerta é para os familiares:
ofereçam constantemente líquidos aos idosos.
Lembrem-lhes de que isso é vital. Ao mesmo tempo, fiquem atentos.
Ao perceberem que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção. É quase certo que esses sintomas sejam decorrentes de desidratação. Líquido neles e rápido paraum serviço médico.
Arnaldo Lichtenstein (46), médico,
é clínico-geral do Hospital das Clínicas e professor colaborador do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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